Carta aberta aos pais de juvenis
- Renato Gallego

- 5 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de dez. de 2024
Quero que guardem essas três palavras: tempo, abraço e amor. Lá na frente, irão entender.
Meu nome é Renato Gallego. Sou treinador de squash, mentor de treinadores e empresário. Tenho 45 anos. Passei a passo minha vida treinando e coordenando treinamento de juvenis, ao redor do mundo.
Sou pai de um menino: o Rafael, de 14 anos. Meu filho mora em Portugal, com a mãe, faz 2 ano e 2 meses. Eu o vejo todas as vezes que viajo a trabalho, pela Europa.
Tudo o que queria, todos os dias, era ter mais TEMPO e ABRAÇOS, para poder mostrar mais meu AMOR.
Ao longo do tempo, venho observando as atitudes de pais de juvenis, ao redor do mundo. E como eu amo esse ambiente, onde convivo há mais de 30 anos, treinando e estudando crianças e as conduzindo a realizar SEUS sonhos. Seja para competir, seja como terapia, seja para praticar uma atividade esportiva, seja para conseguir uma bolsa de estudos. Mas, em todas elas, um mesmo propósito: ser feliz, se divertir, aprender com o mundo do esporte.
O esporte ensina e educa, de uma maneira que não imaginamos. Lidar com a derrota, a frustração, desafios, processos, treino, disciplina, foco... Mas, temos o principal: o ESFORÇO!
O esforço é a ferramenta mais transformadora que uma sociedade pode ensinar a alguém. O esforço te leva para frente. O esforço te faz melhor, a cada dia. O esforço faz você vencer, do seu pior adversário: você mesmo.
Mas, o foco da carta não é esse. O foco da carta é TEMPO, AMOR e ABRAÇO.
Nesse evento, observei pais com atitudes agressivas, violentas e que realmente criou um clima hostil. Não somente para os que estavam ali. Mas, para os próprios filhos. Não entro no mérito do que é certo, errado, julgamento, o que eu faria, o que eu faço, ou o que deveria ser feito. Longe disso. Mas, minha experiência e alma GRITAM por escrever sobre isso, da forma mais pura possível.
Filhos nascem com a predisposição de seguirem os pais, em tudo. Os pais querem os filhos felizes, "preparados para o mundo cruel". O mundo, hoje, precisa de AMOR. E é isso que queremos que nossos filhos levem adiante. Afinal, o mundo é para eles.
Atitudes mais agressivas, broncas, gritos, para ganhar um jogo, não ensinam. O mundo hoje é educado pelo medo, e vemos que não é o certo.
Os filhos querem seguir e imitar aos nossos comandos, aos nossos passos. Nossas vozes ecoam e acoarão para sempre, em suas cabeças e pensamentos. Eles não podem se sentir acuados, obrigados a seguir comportamentos autoritários ou violentos, principalmente em um ambiente esportivo, de diversão, com amigos e sob a ansiedade de jogarem bem, "para os pais poderem aplaudir e se sentirem orgulhosos".
Eu quero, um dia, que o Rafa seja meu discípulo. Não meu escravo. Não quero que ele se sinta impotente, que o que ele se esforça nunca é válido, que ele se sinta um peso, porque não ganhará uma partida ou porque não sacou bem. "Não sacou bem, filho? Semana que vem você terá a oportunidade de treinar e quem sabe, melhorará para seu próximo torneio. Me dá um abraço e está tudo bem perder. Faz parte. Isso é apenas um jogo."
PLIM!!! A mágica está feita! Um gatilho do "se você se esforçar, será premiado, melhorando e crescendo"!!!
Premie e incentive o esforço. Tudo no seu TEMPO, com AMOR, e com um ABRAÇO.
Quero, muito, que os pais tentem aproveitar o esporte para uma ferramenta de transformação, porém mútua. Não é só o filho que aprende, que precisa crescer. Os pais, também.
A função de olhar jogos, instruir, lidar com as emoções dos jogadores, é única e exclusivamente de um treinador. E ponto final. Cada um no seu rol de função e expertise. Ou as coisas se perdem.
O TEMPO passa depressa. O ABRAÇO é o porto seguro deles, e o elo com o AMOR, proteção e aliança. E isso é o que eles precisam, dos pais, ao saírem de uma quadra.
Nunca, AMOR demais será um problema.
ELE é a solução de tudo. SEMPRE.
Texto de Renato GallegoEscrito em 2023



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