A difícil tarefa de ser atleta juvenil na América Latina
- Renato Gallego

- 9 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de dez. de 2024
"Bom dia, Gallego! Gostaria que desse aula para este menino, aqui. É meu filho e tem 8 anos!"
"Filho, este é o Treinador do papai. Ele foi treinador da seleção brasileira e tem um monte de jogadores campeões. Logo você será um deles e viajará com a camisa do Brasil."
Em 5 minutos de apresentação e frases motivadoras, esta criança recebeu quantas toneladas de pressão para iniciar um esporte ao qual nem conhece direito?!
A realidade da cultura do esporte latino americano é essa : pensamos nos RESULTADOS, e não no PROCESSO.
Fazemos uma festa quando temos um jogador juvenil para treinar, projetamos um campeão, um salvador da lavoura, um competidor! Na primeira raquetada mais forte, achamos que nele teremos o futuro campeão nacional. Isso significa RESULTADO.
Fazer amizades, divertir-se, brincar, dar risada, aprender a jogar, ter disciplina, receber elogios, levar bronca... AMAR PRATICAR AQUELE ESPORTE. Isso significa PROCESSO.
Em uma pirâmide, onde temos em sua ponta superior, bem seleta, os jogadores de elite, certamente temos dezenas e até centenas de jogadores que não chegaram lá! Mas isso não significa que não foram vencedores em seu caminho. Apenas, seguiram caminhos e objetivos diferentes. Ser melhor a cada dia, aprender lições para a vida, cultivar amizades e se sentir realizado dentro da proposta daquele esporte é o que fará aquela criança ser uma campeã! Uma campeã de sua própria jornada! Contra o pior adversário que ela pode ter : ela mesma.
Projetos nacionais e regionais têm que se preocupar em ações para divulgar o esporte, levar o Squash à iniciação esportiva, na fase onde a criança parece uma esponja, por absorver rápido tudo o que ensinam e o mais di%cil: fazer com que ela se APAIXONE em jogar.
Treinador não é apenas uma figura da tríade (além dos pais e jogador) que apenas ensina. Treinador é aquele que, além disso, INSPIRA. Isso é essencial.
Identificar em uma criança a aptidão e ânsia para competir faz parte de todo o processo e queimar etapas pode ser fatal, pois objetivos diferentes, dentro do mundo deste juvenil, pode o levar a simplesmente abandoná-lo. Pressão, nesta idade, entre 7 e 11 anos, é para poucos. Principalmente em nossa cultura. Não enxergamos Processos. Cremos apenas em resultados.
Resultados sólidos só virão com o processo bem feito. Fato.Um dia, espero que esse mesmo pai, ao levar seu filho para uma aula de Squash, diga:
"Filho, este é o Gallego. Ele é treinador de Squash do Papai. Entre lá e divirta-se. O papai te ama e estará sempre aqui ao seu lado."



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